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OS MAIORES ESCRITORES DO TEATRO

Teatro e literatura andam lado a lado desde épocas mitológicas, por isso é importante para o ator conhecer a história do teatro, seus principais autores e obras para aumentar sua bagagem cultural e profissional. Este conhecimento o ajudará de forma direta na composição de personagens e no modo de enxergar os espetáculos e enredos através de diferentes olhares, traçando uma linha de raciocínio entre o período histórico no qual o autor estava inserido e no que isso influenciou para a composição da obra, apresentando traços culturais do personagem.

Selecionamos neste artigo OS MAIORES ESCRITORES DO TEATRO, abordando um pouco de sua biografia e obra, citando as principais peças e também onde encontrá-las para leitura. Boa leitura! 

 

WILLIAM SHAKESPEARE (1564 – 1613)

Figura mítica da literatura e do teatro, William Shakespeare mantem-se vivo através de sua obra pungente, que atravessou séculos cativando, emocionando e inspirando todos aqueles que encontrou pelo caminho.

Considerado o maior escritor em inglês e o dramaturgo mais conhecido do mundo, Shakespeare cultivou certo mistério sobre quem ele realmente foi em vida. Nascido em Stratford-upon-Avon, na Inglaterra, casou-se aos 18 anos e logo mudou-se para Londres, onde teve uma bem-sucedida carreira como ator, escritor e um dos proprietários da companhia teatral Lord Chamberlain’s Men. Acredita-se que ele tenha retornado a Stratford em torno de 1613, morrendo três anos depois. Restaram poucos registros da vida privada de Shakespeare, e existem muitas especulações sobre assuntos como a sua aparência física, sexualidade e crenças religiosas.

A maior parte de sua obra foi produzida entre 1590 e 1613, e pode ser divida em três períodos: seus primeiros trabalhos foram as comédias e tragédias em estilo renascentista, abordando temas históricos. Em seguida, adotando um tom mais único, dedicou-se as comédias e tragédias, sendo algumas dessas suas principais obras desse período, como “Romeu e Julieta”, “Júlio César”, “Hamlet”, “Rei Lear” e “Macbeth”. Já em sua fase final, o autor se concentrou em tragicomédias e romances. Suas três últimas obras foram colaborações com John Fletcher, e sua última peça escrita foi “A Tempestade” em 1613. 

Cena da peça “Romeu e Julieta” encenada pelos alunos da Escola de Atores Wolf Maya.

Shakespeare possui ainda uma obra poética: escritos em 1593 e 1594 quando os teatros foram fechados por causa da peste, os primeiros poemas foram chamados “Vênus e Adônis” e “O Estupro de Lucrécia” e em 1609, a obra “Sonetos” foi o último trabalho publicado de Shakespeare sem fins dramáticos. Confira as suas principais obras:

  • Romeu e Julieta: a tragédia mais famosa do autor conta a história de dois jovens de famílias inimigas que se apaixonam, Julieta Capuleto e Romeu Montéquio.
  • Macbeth: tragédia sobre o barão e a baronesa Macbeth, que bolam um plano para assassinar o rei e subir ao cargo.
  • Sonho de Uma Noite de Verão: uma comédia sobre quatro jovens namorados que se encontram e desencontram durante a noite em um bosque.
  • A Megera Domada: diferente de outras comédias do autor, o casamento de Catarina e Petrúquio não é a ação final, mas o ponto de partida para a história.
  • Hamlet: a tragédia mais longa e uma das mais famosas de Shakespeare conta a história da vingança do príncipe Hamlet pela morte de seu pai, executado por seu tio.
  • Júlio César: uma das tragédias baseadas em personagens históricos, o autor reconta a conspiração contra Júlio César, imperador de Roma. Apesar do nome, Júlio César não é o personagem principal da peça, sendo o protagonista um amigo do imperador que retrata sua amizade com ele.
  • Otelo: a peça retrata o drama de quatro personagens: o general Otelo, sua esposa Desdêmona, o tenente Cássio e o oficial Iago. A história gira em torno da rivalidade entre eles, gerando traições, ciúme e assassinatos.
  • O Mercador de Veneza: tragicomédia sobre o mercador Antônio e o agiota judeu Shylock, o personagem mais lembrado da obra.
  • Ricardo III: tragédia sobre o Rei Ricardo III da Inglaterra, baseada em fatos reais. Conta a história de como Ricardo III subiu ao trono e seu curto reinado.

O box de livros “Grandes Obras de Shakespeare” foi lançado em 2017 pela editora Nova Fronteira e contempla todas as obras acima citadas. As obras avulsas também podem ser encontradas pelas editoras Penguin, Martin Claret e Lafonte.

 

MOLIÈRE (1622 – 1673) 

Jean-Baptiste Poquelin, mais conhecido como Molière, foi um dos maiores escritores e dramaturgos da história. Nasceu Paris em 1622 e ganhou o mundo teatral com suas excelentes comédias de tom satírico. Sua sátira afiada alavancou suas obras a um patamar atemporal, e a cada nova encenação – mesmo hoje, após séculos de sua criação – continuam atualíssimas.

Em suas peças de teatro, Molière retratou temas do cotidiano com um olhar crítico e satírico, mostrou o pedantismo dos falsos sábios, a pretensão dos burgueses enriquecidos, a corrupção em diversos setores sociais e as mentiras dos médicos ignorantes. Também retratou de forma extraordinária os grandes defeitos e virtudes da alma humana, abordando comportamentos e sentimentos como inveja, cobiça, orgulho, avareza e arrogância, que se tornaram objetos importantes para a composição de suas obras.

Paulo Autran e o professor Elias Andreato durante a peça “O Avarento”, em 2006.

Em função do realismo e do tom cômico de suas obras, Molière recebeu, durante grande parte de sua vida artística, protestos, perseguições e até ameaças. Essa oposição vinha, principalmente, dos setores mais conservadores da sociedade (burguesia, igreja e políticos) incomodados com as temáticas de suas obras. Conheça suas principais peças:

  • As Preciosas Ridículas: Catarina e Madalena tentam fingir que são parte da elite, mas seus namorados decidem aplicar-lhes uma lição: vestem seus próprios empregados como nobres e mandam-nos cortejar as afetadas donzelas.
  • A Escola dos Maridos: após perder seu pai, Isabel está sob a proteção de um homem mais velho, o qual se torna seu noivo. Ele, porém, imagina que deixar a moça privada da liberdade é o caminho correto para que ela se torne uma mulher exemplar e uma esposa fiel.
  • O Tartufo: Dorina, a empregada, desmascara o farsante Tartufo, um homem capaz de mentir, roubar, fraudar, especular e transgredir com o único objetivo de conseguir mais privilégios. E tudo em nome de Deus.
  • Don Juan: Don Juan é um mulherengo que seduzia as mulheres prometendo-lhes matrimônio. Deixa, atrás de si, um rastro de corações partidos, e acaba matando Don Gonzalo. Quando é convidado pelo fantasma deste para um jantar numa catedral, acaba por aceitar, por não querer parecer um covarde e acaba se dando mal.
  • O Misantropo: a peça é o drama de Alceste, um homem revoltado com a hipocrisia da sociedade. Ele ama  Celimene que é tanto a causa do seu desconforto social, quanto o paradoxo irônico dele mesmo.
  • O Avarento: Harpagon é um velho viúvo que esconde sua fortuna em uma caixa, enterrada no jardim de sua casa. Enquanto todos procuram viver suas vidas normalmente, gozando do amor e da felicidade que o dinheiro não traz, Harpagon está sempre desconfiado de que vai ser roubado.
  • O Doente Imaginário: a peça conta a história de Argan , um velho senhor rico e avarento que, com mania de doenças, quer casar a filha Angèlique com um médico, Thomas Desáforus, somente para economizar nas consultas e receitas. 

A obra de Molière pode ser encontrada em diversas editoras, como a Editora 34, Zahar, L&PM e Peixoto Neto.

 

SAMUEL BECKETT (1906-1989)

Considerado por muitos como um dos maiores escritores do século XX, Samuel Beckett nasceu em Dublin, em 1906. Com uma longa carreira que englobou o teatro, a literatura (prosa, poesia e ensaios), o rádio e o cinema, Beckett tornou-se uma das figuras mais importantes do modernismo e do pós-modernismo, sendo influenciado por James Joyce e influenciando diversas gerações de escritores após o seu tempo.

Beckett foi um dos pilares centrais do Teatro do Absurdo, designação criada para contemplar as diferentes formas do teatro criado na época, que tinham como ponto central o tratamento de aspectos inesperados da vida humana. As obras do Teatro do Absurdo estavam focadas em questões existencialistas e tentavam expressar o que acontece quando a existência humana é tida como sem sentido ou sem propósito, resultando na dissolução das comunicações.

Cláudio Fontana e o professor Elias Andreato na montagem da peça “Esperando Godot”, em 2016.

Seus escritos englobam peças, contos, romances, novelas, poemas e ensaios, e em 1969 Samuel foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura. Conheça suas principais peças:

  • Esperando Godot: dois vagabundos dialogam em cena enquanto esperam um misterioso Godot que nunca aparece. Na época, os críticos especulavam que o nome Godot seria uma corruptela de God (Deus).
  • Jogo Final: um diálogo inconsequente entre dois personagens: Hamm e Clov. Os pais de Hamm, paralíticos, vivem em duas latas de lixo, realçando o traço de humor negro da peça, uma parábola da impotência humana.
  • A Última Gravação de Krapp: um personagem faz um monólogo com um gravador, lembrando a passagem e a mudança do tempo.
  • Dias Felizes: o grotesco monólogo de uma mulher que se enterra progressivamente num monte de areia, enquanto recorda um passado feliz.

Algumas obras de Samuel Beckett podem ser encontradas nas editoras Biblioteca Azul e Companhia das Letras.

 

NELSON RODRIGUES (1912-1980)

Nelson Rodrigues é considerado por muitos o maior dramaturgo do Brasil. Com uma obra atemporal e singular, o escritor conquistou o mundo através de seu estilo marcante, que escandalizou o público e imprensa com seus textos repletos de crimes e escândalos.

Nascido em Recife em 1912, Nelson Rodrigues muito cedo se mudou para o Rio de Janeiro e se interessou pela área de comunicação. Por influência de seu pai, aos 13 anos iniciou como repórter policial no jornal “A Manhã”, e aos 16 publicou seu primeiro artigo. Sua primeira peça “A Mulher Sem Pecado” foi montada em 1942, e no ano seguinte a peça “Vestido de Noiva”, foi encenada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 1954 escreveu a peça “Senhora dos Afogados”, barrada pela censura. Em 1960 é montada a peça “Boca de Ouro”, retratando os bastidores da reportagem policial.

Seu grande sucesso veio em 1961 com a peça “O Beijo no Asfalto”, que permaneceu em cartaz durante sete meses  no Teatro Ginástico, no Rio de Janeiro. Em 1965 escreveu a peça “Toda Nudez Será Castigada”, adaptada para o cinema e premiada no Festival de Gramado em 1973, e no Festival de Berlim, onde conquistou o Urso de Prata. Em 1974 estreia a peça “Anti-Nelson Rodrigues” e escreve sua última peça, “A Serpente”.

Peça “Viúva, Porém Honesta” com elenco de alunos da Escola Wolf Maya de Atores.

Além do amplo trabalho no teatro, Nelson Rodrigues atuou como jornalista e escreveu diversos livros que englobam romances, contos e crônicas, como “Meu Destino É Pecar”, “Núpcias de Fogo”, “A Vida Como Ela É”, “A Dama do Lotação e Outros Contos”, entre outros. Na televisão, escreveu as novelas “A Morta Sem Espelho”, “Sonho de Amor” e “O Desconhecido”, e em 1982 a novela “O Homem Proibido” da Rede Globo, foi adaptada do romance homônimo escrito por Nelson. Muitos de deus escritos foram adaptados para o cinema, como é o caso de “Bonitinha, Mas Ordinária”, “O Beijo No Asfalto”, “A Dama Selvagem”, “Toda Nudez Será Castigada”, entre outros. Conheça suas principais peças:

  • Vestido de Noiva: Alaíde é atropelada por um automóvel e, enquanto é operada no hospital, ela relembra o conflito com a irmã, de quem tomou o namorado, e imagina seu encontro com Madame Clessi, uma cafetina assassinada pelo namorado de dezessete anos.
  • Viúva, Porém Honesta: a peça centra-se na personagem Ivonete, filha do influente Dr. JB de Albuquerque, diretor do jornal A Marreta. Após a morte de seu noivo, atropelado por um papa-filas (ou carrocinha de picolé), Ivonete recusa-se inexplicavelmente a “sentar”, situação que impulsiona a trama.
  • Anti-Nelson Rodrigues: Oswaldinho é um jovem mimado pela mãe e desprezado pelo pai. Inescrupuloso, ladrão e mulherengo, se torna dono de uma das fábricas do pai e se apaixona por uma funcionária recém-contratada, a jovem e incorruptível Joice. Acostumado a ter tudo o que quer, Oswaldinho tenta comprar Joice, que espera por um amor desde menina e não se deixa levar pelo dinheiro.
  • Senhora dos Afogados: Moema, a filha mais velha de Misael e Dona Eduarda, guardava um amor pelo pai e  resolveu afogar suas irmãs mais novas, Clarinha e Dora, no mar para não dividir a atenção do seu pai com elas. A trama é cheia de mistérios e Moema consegue ser a única mulher na vida do seu pai, porém ele morre e ela fica só.
  • Boca de Ouro: após a morte de Boca de Ouro, famoso bicheiro que teria mandado substituir todos os dentes por próteses de ouro, temos, a partir de uma reportagem policial, três versões do protagonista que nos são dadas por sua ex-amante, Dona Guigui.
  • O Beijo no Asfalto: a obra versa a respeito de um ato de misericórdia (um beijo na boca dado a um homem por outro homem na hora de sua morte) e suas repercussões na sociedade. Um repórter sensacionalista e um delegado corrupto fazem do ato um escândalo social, abalando a reputação de Arandir, que diz ter atendido o pedido do moribundo, levando a uma exacerbação dos sentimentos que conduz a um trágico e surpreendente desfecho.
  • Bonitinha, mas Ordinária: Heitor Werneck é um milionário que pede ao genro Peixoto que procure um rapaz para se casar com sua filha caçula, Maria Cecília. O escolhido é Edgar, funcionário há onze anos na companhia. Mas num primeiro encontro Heitor humilha Edgar considerando que ele fosse um novo “Peixoto”, o genro que se casou com a outra filha apenas pelo dinheiro. Edgar não aceita o compromisso, xinga Heitor e abandona o emprego, mas volta atrás por se sentir atraído por Maria Cecília.
  • Toda Nudez Será Castigada: Herculano fica viúvo e com um filho para cuidar. Este filho, Serginho, pede ao pai que jure nunca mais casar-se e Herculano faz o juramento. Patrício, irmão de Herculano, endividado com mulheres e jogo, consegue apresentar ao irmão uma prostituta, por quem o protagonista fica perdidamente apaixonado.

A obra completa do teatro de Nelson Rodrigues foi lançada pela editora Nova Fronteira e contempla todas as obras acima citadas. Outras obras avulsas também podem ser encontradas pela mesma editora.

 

PLÍNIO MARCOS (1935-1999)

Um dos maiores nomes do teatro brasileiro, Plínio Marcos é reconhecido por sua vasta obra teatral, que trazia para o grande público personagens que, quase invariavelmente, eram mendigos, vagabundos, delinquentes e prostitutas. Plínio usava uma linguagem característica do submundo, e tornou-se um ícone da contracultura durante o período da ditadura militar.

Nascido em Santos em 1935, Plínio Marcos foi filho de um bancário com uma dona de casa. Completou o curso primário, mas não gostava de estudar. Jogou futebol no juvenil da Associação Atlética Portuguesa Santista e aos 16 anos entrou para o circo para namorar uma artista, por quem havia se apaixonado. Iniciou-se no teatro fazendo pequenos papéis no Teatro da Liberdade.

Em 1958, foi levado por Patrícia Galvão para substituir um ator na peça “Pluf, o Fantasminha”. Entrou para o Clube da Poesia do jornal O Diário, de Santos, onde publicava suas poesias. Sua primeira peça “Barrela”, apresentada em 1959, foi proibida pela censura, só sendo apresentada novamente 21 anos depois. Em 1960 foi para a cidade de São Paulo e entrou para a Companhia Cacilda Becker, onde montou várias peças e ficou conhecido por seu estilo marcante, compostos majoritariamente por personagens marginais.

O coordenador pedagógico Josemir Kowalick durante cena da peça “Abajur Lilás”, de Plínio Marcos.

Plínio Marcos foi preso pelo 2º Exército em 1968, sendo liberado dias depois. Em 1969, foi preso em Santos, no Teatro Coliseu, por se recusar a acatar a interdição do espetáculo “Dois Perdidos Numa Noite Suja”, em que trabalhava como ator. No mesmo ano lançou sua obra de maior sucesso, “Abajur Lilás“. Na década de 80, quando o regime militar terminou e suas peças foram liberadas, Plínio novamente surpreendeu. Escreveu as peças “Jesus Homem” e “Madame Blavatsky”, nas quais mostra um seu lado mais espiritualista. Em 1985, ganhou os prêmios Molière e Mambembe pela peça “Madame Blavatsky”. Conheça suas principais obras:

  • Barrela: conta a história de  seis presos que dividem a mesma cela numa cadeia comum. Cada um com sua história, seus traumas e medos, disputam seu espaço no ambiente carregado da prisão. A situação fica ainda pior com a chegada de um jovem de classe média, apelidado de “Garoto”, que foi preso durante briga em bar.
  • Dois Perdidos Numa Noite Suja:  inspirado no conto “O Terror de Roma” de Alberto Moravia, os personagens Paco e Tonho dividem um quarto numa hospedaria e trabalham de carregadores no mercado. Eles possuem uma relação conflituosa: Tonho lamenta a pobreza e é provocado por Paco que o chama de homossexual. Nessa relação de amizade e ódio, os dois acabam fazendo algo que modificará radicalmente suas vidas e a de pessoas em sua volta.
  • Navalha na Carne: Neusa Suely é uma prostituta de idade avançada. Ela tem um caso com Wado, um homem que se relaciona com ela apenas por interesse. Machista, mal educado e manipulador, ele engana a mulher que mesmo sabendo que é enganada, continua em seu jogo.
  • Abajur Lilás: a peça é centrada nos personagens Dilma (prostituta que tem um filho), Giro (dono do prostíbulo), Célia (prostituta desaforada), Leninha (uma jovem prostituta) e Oswaldo (capanga de Giro). Na peça, um abajur lilás que pertence a Giro é quebrado e as três prostitutas são as suspeitas. Elas são torturadas até que Leninha acaba entregando que foi Célia que quebrou o abajur e outros objetos.
  • A Mancha Roxa:  seis mulheres confinadas em uma cela de uma penitenciária brasileira vivem todo o desprezo da sociedade. Velhas, doentes, excluídas e consideradas a escória, elas vivem em total abandono. Elas acabam descobrindo que são portadoras da AIDS, que um dos sintomas são as manchas de cor púrpura.

Em 2011 foi lançada pela editora Landmark o livro Bendito Maldito. Uma Biografia de Plinio Marcos” de Oswaldo Mendes que contempla a vida e obra de Plínio. 

 

ARIANO SUASSUNA (1927-2014)

Um dos maiores expoentes da cultura nordestina, Ariano Suassuna revolucionou o cenário cultural brasileiro por meio de seus personagens e tramas que ocorrem no sertão nordestino. Com um humor crítico, Ariano marcou para sempre o seu nome na literatura e no teatro brasileiro.

Nascido em Parahyba do Norte, atual João Pessoa, em 1927, Ariano Suassuna era filho do então Presidente da Paraíba, que no ano seguinte deixou o cargo e foi com a família morar no sertão. Com a Revolução de 1930, o pai de Ariano foi assassinado por motivos políticos e a família foi viver no município de Taperoá, também na Paraíba. O assassinato do pai marcou profundamente o escritor, que dedicou a inquietação de sua obra a esse acontecimento. Após a morte do pai, Ariano mudou-se para Recife, onde cursou direito.

Em 1945, publicou seu primeiro poema, intitulado “Noturno” e a partir daí abraçou seus dotes literários. Em 1947, escreveu sua primeira peça “Uma Mulher Vestida de Sol” e nos anos seguintes escreveu “Cantam as Harpas de Sião” (ou “O Desertor de Princesa”), “Os Homens de Barro” e “Auto de João da Cruz”, de 1950, que recebeu o Prêmio Martins Pena. Durante a década de 50, Ariano consagrou-se no teatro através das peças “O Castigo da Soberba, “O Rico Avarento e o aclamado “Auto da Compadecida”, de 1955, sua obra mais conhecida, que já foi montada exaustivamente por grupos de todo o país, além de ter sido adaptada para a televisão e para o cinema.

Cena da peça “Auto da Compadecida”, montada no Teatro Nair Bello, com elenco de alunos da Escola Wolf Maya.

Além de sua consagrada trajetória no teatro, Ariano Suassuna atuou na política, tendo ocupado os cargos de Secretário de Cultura de Pernambuco e Secretário de Assessoria do governador Eduardo Campos. Liderou diversos projetos culturais no nordeste, como o “Movimento Armorial” e o concerto “Três Séculos de Música Nordestina – do Barroco ao Armorial”. Além de suas peças, Ariano escreveu livros de poesia e romance, como “Sonetos de Albano Cervonegro” e “O Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta”. Conheça suas principais obras teatrais:

  • O Castigo da Soberba: a história do julgamento de uma alma arrogante no purgatório, um processo parecido com o que acontece num tribunal de justiça. Nele o promotor público e acusador é representado pelo personagem do Satanás. O juiz é o próprio Jesus. O papel mais importante é desempenhado pela Virgem Maria, que atua como advogada de defesa.
  • O Rico Avarento: ambientada no sertão nordestino, conta a história de um Coronel rico e avarento, e Tirateima, um rapaz humilde que, por falta de emprego, aceita ser o mestre sala do Coronel. Dia após dia, Tirateima vai conhecendo o caráter avarento de seu patrão, o qual nega esmola e comida para os pobres e mendigos que vão até sua casa.
  • O Auto da Compadecida: acompanhamos João Grilo e Chicó, dois nordestinos pobres que vivem de golpes para sobreviver. Eles estão sempre enganando o povo de um pequeno vilarejo no sertão da Paraíba, inclusive o temido cangaceiro Severino de Aracaju, que os perseguem pela região e somente a aparição da Nossa Senhora poderá salvar a dupla.
  • O Santo e a Porca: a história de um velho avarento conhecido como Euricão Árabe. O protagonista é devoto de Santo Antônio e guarda as economias de toda a vida numa porca de madeira. Ao receber uma carta de Eudoro dizendo que este iria lhe privar de seu mais precioso tesouro, Euricão fica apreensivo achando que Eudoro irá pedir o dinheiro da porca. Caroba, a empregada da casa, entende a situação: o tesouro à que ele se refere é Margarida, filha de Euricão. O fazendeiro deseja casar-se com ela.
  • A Caseira e a Catarina: uma mulher traída pelo marido faz um pacto com o diabo e pede-lhe para levar o seu marido e sua amante para o inferno.

A obra completa do teatro de Ariano Suassuna foi lançada pela editora Nova Fronteira em 2018, e engloba todas as obras acima citadas. As obras avulsas do escritor também podem ser encontradas pela mesma editora.

 

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