Nova Iorque, 1985. Prior Walter conta para Lou, seu companheiro há quatro anos, que está doente. Enquanto a doença e a solidão invadem Prior, a culpa toma conta de Lou. Junto a um grupo de pessoas que, à  primeira vista, não teriam nada em comum, eles compartilham ideologias, experiências e sentimentos. Esse é o ponto de partida de “Angels in América”, obra do dramaturgo Tony Kushner, aclamada em todo o mundo.

A peça retrata a AIDS articulada a outros temas como política, ética, religião e racismo. Na trama ambientada em 1985, o jovem gay Prior Walter, infectado com o vírus HIV, é abandonado pelo namorado Louis Ironson, judeu e dito progressista. Enquanto convalesce com dores e marcado pela “mancha”, como o próprio personagem se refere às lesões da pele causadas pelo sarcoma de Kaposi, Prior recebe a visita do Anjo, que se anuncia como “mensageiro” e “arauto” de um novo tempo. Aquilo que a princípio nos parece uma alucinação, tão logo se transforma no dispositivo narrativo do espetáculo, a costurar, direta e indiretamente, diversos personagens que se cruzam em sonhos ou nas ruas e parques de uma Nova Iorque com ares de Babilônia.