Um estudo da obra de Luigi Pirandello.

Por que, volta e meia, quando converso sobre teatro, ou procurando um autor pra montar, acabo em Pirandello? É uma pergunta que me faço, sem conseguir, de fato entender essa obsessão. Talvez seja, em parte, pelo modo como nos mostra suas personagens, pela constante desconstrução da realidade, que faz com que seu teatro se deflagre com tal, expondo sua
artificialidade e ensinando-nos a duvidar daquilo que acreditamos; pelo fato de nos fazer transitar entre o cômico e o trágico e nos levar, quase sempre a um universo onde a fantasia e a realidade coabitam harmonicamente, criando, como em “Seis Personagens à procura de um Autor”, uma situação humorística e trágica, absolutamente original.

No prefácio à edição da obra, ele diz que sua fantasia é como uma funcionária de sua arte, muito ágil e zombeteira, cuja função preferida é levar para dentro de casa, a fim de que as transforme em peças, as pessoas mais infelizes do mundo, e que essa funcionária, um dia teve a ideia de trazer à sua casa seis personagens. Ele os teria rejeitado, por não se interessar particularmente por seu drama, e que esses personagens, rejeitados pelo autor, mas ainda sim vivos, teriam dado origem à trama.